Strategy reforça aposta no Bitcoin e compra US$ 740 milhões em BTC, apesar de alertas sobre riscos

A gigante Strategy voltou a movimentar o mercado cripto com mais uma compra bilionária de Bitcoin.
Segundo um documento apresentado à Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) em 21 de julho, a empresa adquiriu 6.220 BTC por US$ 739,8 milhões, a um preço médio de US$ 118.940 por unidade.
A aquisição equivale a quase 14 dias da nova oferta global de Bitcoin — praticamente o dobro de tudo o que foi minerado entre 14 e 20 de julho.
A nova rodada de compras eleva o total de bitcoins mantidos pela Strategy para 607.770 BTC, adquiridos por aproximadamente US$ 43,61 bilhões.
A um preço médio de US$ 71.756 por moeda, a posição representa hoje um patrimônio de cerca de US$ 72 bilhões — o que indica um lucro não realizado superior a US$ 28 bilhões.
A operação foi financiada por meio da venda de 1,64 milhão de ações da empresa (MSTR), o que arrecadou cerca de US$ 736,4 milhões. Pequenas vendas adicionais de participações em STRK, STRF e STRD completaram a arrecadação com mais US$ 3,9 milhões.
Essa estratégia agressiva de acumulação continua a diferenciar a Strategy de outras empresas listadas em bolsa.
Seu modelo consiste basicamente em converter capital em BTC e usar o valor de mercado inflado das ações da própria empresa como alavanca para captar mais recursos e adquirir ainda mais criptomoedas.
Estratégia da Strategy levanta preocupações entre analistas
Apesar dos números impressionantes, a abordagem da Strategy começa a despertar preocupações no mercado.
James Check, analista-chefe da Checkonchain, alertou em uma publicação no X (antigo Twitter) que empresas que adotam estratégias agressivas de acúmulo de Bitcoin podem estar se aproximando de um cenário arriscado, comparável a enfrentar quedas de 2012 em termos de preço, com a duração típica do ouro em ciclos de baixa.
Segundo Check, algumas dessas empresas já podem ter atingido o pico, com seus papéis negociando a prêmios tão altos em relação ao valor patrimonial líquido (NAV, na sigla em inglês) que talvez nunca mais sejam alcançados.
Fonte: X
Em um cenário de queda abrupta, as companhias ficariam expostas a decisões difíceis, como vender seus bitcoins para recomprar ações ou até mesmo se tornarem alvo de aquisições hostis.
Esse tipo de alerta ecoa avaliações anteriores feitas por Matthew Sigel, chefe de pesquisa em ativos digitais da gestora VanEck.
Em uma publicação de 16 de junho, ele criticou duramente o uso recorrente de ofertas de ações “at-the-market” (ATM) — um mecanismo que permite às empresas vender novas ações diretamente no mercado a preços correntes — para financiar compras de BTC.
Emissões de ações via ATM: oportunidade ou armadilha?
Matthew Sigel apontou que empresas como a Strategy têm aproveitado o fato de suas ações estarem sendo negociadas bem acima do valor patrimonial líquido para emitir novas ações com alta eficiência.
Essa prática permite levantar capital adicional com diluição mínima dos acionistas, e foi justamente essa estratégia que possibilitou à Strategy financiar bilhões em compras de Bitcoin usando seu próprio capital de mercado.
No entanto, Sigel alerta que essa vantagem pode desaparecer rapidamente caso o preço das ações caia e se aproxime do NAV.
Quando isso acontece, emitir novas ações já não agrega valor — pelo contrário, gera diluição dos acionistas existentes e fragiliza o argumento de investimento da empresa. Em um cenário extremo, essa tática pode até se tornar insustentável.
Como medidas preventivas, o analista da VanEck sugeriu que empresas com foco em Bitcoin:
Interrompam os programas ATM caso o valor das ações caia para menos de 0,95x o NAV por dez dias consecutivos;
Priorizem recompras de ações quando o preço do BTC subir, mas os papéis da empresa ficarem para trás;
Realizem revisões estratégicas sempre que o desconto do NAV persistir por longos períodos;
Vinculem a remuneração dos executivos ao crescimento do NAV por ação, e não ao número de BTCs acumulados ou ao total de ações emitidas.
Essas recomendações visam garantir uma governança mais sólida e equilibrada entre crescimento patrimonial e transparência com o investidor.
Quem guarda os bilhões em Bitcoin da Strategy?
A Strategy, maior detentora corporativa de Bitcoin do mundo, mantém sigilo sobre quem custodiar seus mais de US$ 72 bilhões em BTC.
A empresa afirma usar “diferentes arranjos de custódia”, sem divulgar publicamente os nomes dos responsáveis.
No entanto, a Coinbase confirmou ser uma das custodiante, algo já mencionado pela própria Strategy anteriormente.
O CEO da Coinbase, Brian Armstrong, também indicou que a empresa guarda ativos para oito dos dez maiores detentores públicos de BTC — uma referência clara à Strategy.
Crescimento da cotação da Strategy nos últimos 5 anos.
Fonte: Google Finance
Michael Saylor, fundador da companhia, defende o sigilo como uma medida de segurança, especialmente após escândalos como os da FTX e Celsius.
Em 2023, ao ser questionada pela SEC, a empresa usou a Regra 83 para manter os nomes em sigilo, mas informou que os BTC estão em instituições reguladas pelo Departamento de Serviços Financeiros de Nova York (NYDFS), com histórico de conformidade e segurança.
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