S&P 500 e Nasdaq batem recordes com temporada de balanços

Os principais índices de ações dos Estados Unidos encerraram a quinta-feira (17/07) em alta, com o S&P 500 e o Nasdaq registrando novas máximas históricas.
O movimento reflete a combinação de resultados corporativos sólidos, dados econômicos positivos e a trégua momentânea nas tensões entre o presidente Donald Trump e o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell.
S&P 500 e Nasdaq atingem novos recordes
O S&P 500 subiu 0,7% e fechou próximo da marca dos 6.300 pontos, renovando seu recorde. Já o Nasdaq avançou 0,7% e também cravou uma nova máxima histórica, impulsionado pelas ações de tecnologia.
O Dow Jones, por sua vez, ganhou 0,5%, mantendo o bom desempenho da semana.
O ambiente segue favorável aos ativos de risco, com investidores absorvendo balanços trimestrais robustos, projeções econômicas otimistas e certa estabilidade nos mercados após rumores sobre a possível demissão do presidente do Fed.
Apesar das críticas recorrentes de Trump à política monetária, ele declarou não ter planos imediatos de demitir Powell — o que aliviou os temores de ingerência política no banco central.
Desempenho dos principais índices norte-americanos nos últimos 5 dias.
Fonte: Yahoo Finance
Vendas no varejo e pedidos de auxílio-desemprego surpreendem positivamente
Do lado econômico, os dados divulgados nesta quinta reforçaram a resiliência da economia dos EUA.
As vendas no varejo registraram recuperação em junho, sinalizando que os consumidores americanos continuam gastando apesar das tarifas impostas pelo governo Trump.
Além disso, o número de pedidos semanais de auxílio-desemprego caiu para 221 mil, o menor nível em três meses.
Os números indicam estabilidade no mercado de trabalho e sustentam a narrativa de que a economia americana segue sólida — mesmo diante de incertezas políticas e comerciais.
Vendas no Varejo dos EUA (mensal)
Fonte: Investing.com
Balanços fortes impulsionam sentimento positivo
A temporada de resultados também contribuiu para o otimismo no mercado.
A Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC), fornecedora da Nvidia, reportou lucro recorde no segundo trimestre, impulsionado pela crescente demanda por inteligência artificial.
As ações da TSMC saltaram após o anúncio e puxaram outras empresas de semicondutores.
A PepsiCo surpreendeu com uma alta inesperada na receita, além de revisar para cima suas projeções.
Os resultados sugerem que grandes empresas de consumo estão conseguindo lidar bem com o cenário macroeconômico atual.
Outras gigantes como GE Aerospace, Bank of America e Johnson & Johnson também apresentaram números acima do esperado, reforçando a percepção de que as companhias estão conseguindo manter margens e resultados apesar da volatilidade econômica.
Netflix lidera os ganhos entre as Big Techs
O grande destaque do dia foi a Netflix (NFLX), que abriu a temporada de resultados das gigantes de tecnologia. A empresa superou as expectativas de Wall Street tanto em receita quanto em lucro.
O lucro por ação cresceu 47% em relação ao segundo trimestre do ano anterior, atingindo US$ 7,19, com uma receita de US$ 11,08 bilhões.
A Netflix também elevou sua projeção de receita para o restante do ano e está no caminho para dobrar a receita com publicidade em 2025.
Com ações acumulando alta de mais de 40% no ano, a companhia se posiciona como uma das favoritas dos investidores no segmento de streaming.
Bancos continuam entregando bons números
Os resultados divulgados anteriormente pelos principais bancos dos EUA continuam influenciando positivamente o mercado.
JPMorgan, Goldman Sachs, Bank of America, Wells Fargo, Citigroup, Morgan Stanley, Bank of New York Mellon e BlackRock registraram forte desempenho em receita com trading e assessoria financeira.
Esses números reforçam a tese de que, mesmo com a volatilidade trazida pelas políticas tarifárias e as incertezas regulatórias, o setor financeiro está conseguindo se adaptar e extrair valor do cenário atual.
Perspectivas para as próximas semanas
Nos próximos dias, investidores estarão atentos a mais balanços corporativos e a possíveis impactos das tarifas de Trump sobre o desempenho econômico.
Dados compilados pela FactSet apontam que os lucros das empresas do S&P 500 devem crescer 5% no segundo trimestre em relação ao ano anterior — ritmo mais lento desde o quarto trimestre de 2023.
Até o momento, com cerca de 4% das empresas do índice tendo divulgado resultados, o crescimento médio de lucro é de 4,8%. Companhias como 3M, American Express e Charles Schwab ainda devem divulgar seus números nesta semana.
Dólar sobe com dados fortes e reduz apostas em cortes de juros
Em linha com as máximas históricas dos maiores índices, o dólar também se valorizou, acompanhando os indicadores positivos da economia americana.
O índice que mede o desempenho da moeda frente a seus principais pares globais avançou 0,3%, com o dólar ganhando força frente ao euro, iene e libra.
A recuperação nas vendas do varejo em junho e o recuo nos pedidos iniciais de auxílio-desemprego indicam uma economia resiliente, mesmo diante das tarifas implementadas pelo governo Trump.
Esses dados fortaleceram a moeda americana e levaram o mercado a rever suas apostas sobre a política monetária.
Antes considerados quase certos, os cortes de juros pelo Federal Reserve na reunião de setembro agora são vistos como uma possibilidade em aberto.
Para muitos analistas, a narrativa de uma economia sólida com pressão inflacionária crescente começa a se firmar, diminuindo o espaço para novos estímulos.
Fonte: TradingView
Rendimentos do Tesouro dos EUA sobem
Com os dados econômicos surpreendendo positivamente, os rendimentos dos títulos do Tesouro americano também avançaram.
O yield dos papéis de dois anos — mais sensíveis à política monetária — subiu três pontos-base, alcançando 3,92% em uma sessão marcada por volatilidade.
Parte dessa oscilação ainda reflete os temores em torno da possível interferência política no Federal Reserve. Após flertar com a ideia de demitir Jerome Powell, Trump recuou da ameaça, mas o episódio gerou incertezas sobre a autonomia do banco central.
Enquanto isso, o volume de negociações em contratos futuros vinculados à taxa SOFR (Secured Overnight Financing Rate), que reflete as expectativas para os juros, ultrapassou 6 milhões na quarta-feira — o maior nível em seis semanas.
O movimento mostra que traders estão se reposicionando e buscando proteção diante de possíveis mudanças de direção na política monetária.
Fonte: Investing.com
Segundo o economista-chefe da Apollo Management, Torsten Slok, o mercado está sendo excessivamente otimista quanto à possibilidade de novos cortes. Ele prevê apenas uma redução até o fim de 2025, enquanto a curva atual precifica até duas.
Para Slok, o Fed ainda precisa avaliar os impactos inflacionários das tarifas e de medidas migratórias antes de tomar novas decisões.
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