Trump recua sobre demissão de Powell, mas mantém críticas duras ao presidente do Fed

Pedro Augusto Prazeres
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Fonte: DepositPhotos

O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quarta-feira (17/07) que não está planejando demitir Jerome Powell, atual presidente do Federal Reserve, apesar de rumores cada vez mais fortes sugerirem o contrário.

A declaração veio poucas horas depois de veículos como Bloomberg e New York Times indicarem que Trump estaria prestes a remover Powell do cargo.

“Não estou planejando demiti-lo”, disse Trump a repórteres no Salão Oval. No entanto, voltou a criticar duramente o desempenho do chefe do banco central. “Ele está fazendo um trabalho terrível”, afirmou.

O ex-presidente ainda acrescentou: “Não descarto nada, mas acho altamente improvável, a menos que ele tenha que sair por fraude.”

As falas de Trump ocorreram logo após uma série de reportagens apontarem que ele teria mostrado a parlamentares republicanos um rascunho de uma carta de exoneração de Powell.

Segundo o New York Times, o documento teria sido exibido durante uma reunião na noite de terça-feira (16/07), no próprio Salão Oval.

Trump admite ter sondado aliados sobre a saída de Powell

Apesar de negar a existência de uma carta pronta, Trump confirmou que discutiu a possibilidade de demissão de Jerome Powell com membros do Partido Republicano.

“Falei com eles sobre a ideia de demiti-lo”, relatou. “Perguntei: ‘O que vocês acham?’ Quase todos disseram que eu deveria. Mas eu sou mais conservador do que eles.”

A nova rodada de declarações veio menos de 24 horas após Trump ter sugerido que a reforma de US$ 2,5 bilhões na sede do Fed em Washington poderia, por si só, justificar a saída de Powell. “É possível que haja fraude envolvida com essa renovação”, afirmou na quarta-feira, sem apresentar evidências.

Esse projeto de reforma tem sido usado por aliados de Trump como argumento para questionar a gestão de Powell e sua transparência diante do Congresso.

Parlamentares da ala conservadora têm defendido maior supervisão sobre o banco central e vêm pressionando pela substituição da atual liderança do Fed.

Mercado reage às declarações e reduz perdas do dia

As primeiras notícias sobre a possível demissão de Powell causaram instabilidade nos mercados. No entanto, após Trump declarar que a medida era “improvável”, parte das perdas foi revertida ao longo do pregão de quarta-feira.

Embora o presidente do Fed tenha mandato fixo até maio de 2026, sua eventual remoção por um presidente da República poderia desencadear uma disputa judicial sem precedentes.

Powell também tem cadeira garantida no Conselho de Governadores do Federal Reserve até 2028, mesmo que deixe a presidência da instituição.

Variação diária do S&P500.
Fonte: Google Finance

Possíveis substitutos já estão sendo considerados

Apesar de afirmar que ainda não tomou uma decisão, Trump mencionou nomes que poderiam substituir Powell.

Entre eles está Kevin Hassett, atual diretor do Conselho Econômico Nacional, apontado por veículos como Washington Post e Bloomberg como um dos favoritos para assumir o posto.

Outro nome citado é o do ex-governador do Fed, Kevin Warsh, além de Christopher Waller, que atualmente integra o Conselho do Federal Reserve.

O secretário do Tesouro, Scott Bessent, também foi cogitado, mas Trump minimizou essa possibilidade. “Provavelmente ele não é uma opção, porque gosto do trabalho que ele está fazendo”, afirmou.

“Ele é uma força tranquilizadora”, disse Trump sobre Bessent, elogiando sua atuação à frente do Tesouro.

Debate jurídico e pressão política aumentam sobre o Fed

A possibilidade de uma demissão antecipada de Powell trouxe à tona dúvidas sobre a legalidade dessa decisão.

Kevin Hassett afirmou, durante entrevista ao programa This Week, da ABC News, que a questão está sendo analisada: “Certamente, se houver justa causa, o presidente tem essa autoridade.”

Já Bessent tentou amenizar a tensão, dizendo à Bloomberg que Trump já havia afirmado diversas vezes que não pretendia demitir Powell.

Ele comparou o estilo combativo do ex-presidente às táticas de técnicos de basquete para pressionar juízes em quadra. “Trump parece preferir o estilo Bobby Knight”, ironizou.

Ainda segundo Bessent, um processo formal para buscar o sucessor de Powell já está em andamento.

A expectativa, no entanto, é que o atual presidente do Fed permaneça até o fim de seu mandato como chair, embora haja pressão para que ele renuncie antes.

Enquanto isso, a Câmara dos Deputados dos EUA também se movimenta. Alguns membros do Comitê de Serviços Financeiros, responsável pela supervisão do Fed, chegaram a agendar uma reunião com Powell na quarta-feira — mas o encontro foi cancelado posteriormente, segundo o site Semafor.

Inflação e balanços corporativos também movimentaram os mercados

Além das declarações de Trump, o mercado também monitorou atentamente os indicadores de inflação e a nova leva de resultados trimestrais de grandes empresas.

O início do pregão foi marcado por instabilidade, com os investidores tentando digerir os sinais mistos sobre o comportamento dos preços nos Estados Unidos.

Na terça-feira, o índice de preços ao consumidor (CPI) havia mostrado aceleração da inflação em junho, o maior avanço anual desde fevereiro.

O dado reacendeu preocupações de que as tarifas anunciadas por Trump — como a de 30% sobre importações da União Europeia e do México — já estejam pressionando os preços ao consumidor.

Como resultado, operadores reduziram suas apostas em cortes de juros por parte do Federal Reserve nos próximos meses.

Já nesta quarta, os números do índice de preços ao produtor (PPI) trouxeram algum alívio. O indicador ficou estável em junho na comparação mensal e subiu 2,3% na base anual — abaixo das expectativas.

O resultado sugere que as pressões inflacionárias no atacado não se agravaram, o que ajudou a aliviar parte das tensões nos mercados.

Fechamento da Bolsa de Nova York (NYSE).
Fonte:
Google Finance

Lucros de grandes empresas aliviam clima de incerteza

Outro fator que ajudou na recuperação das bolsas foi a divulgação de balanços positivos por parte de grandes companhias norte-americanas.

Os lucros do Bank of America (BAC) e da Johnson & Johnson (JNJ) vieram acima do esperado e ajudaram a amenizar o pessimismo gerado pelas incertezas políticas e comerciais.

No caso do Bank of America, o desempenho dos setores de trading foi impulsionado justamente pela volatilidade gerada pelas mudanças na política comercial dos EUA. Bancos como Morgan Stanley e Goldman Sachs também se beneficiaram de movimentos similares no mercado.

Esses resultados indicam que, apesar das turbulências geopolíticas e das discussões sobre juros, parte relevante do setor corporativo está conseguindo se adaptar às novas condições econômicas — pelo menos no curto prazo.

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