Açúcar e etanol: Este é um risco de aperto na disponibilidade global
Investing.com – Queimadas e secas que atingem os canaviais brasileiros devem impactar a qualidade da cana, a produtividade, e encarecer o etanol local. Neste cenário, o preço da commodity em Nova Iorque subiu acima dos 20 USc/lp em meados de setembro, com o mercado percebendo a severidade da seca no centro-sul do Brasil, e riscos de que a disponibilidade global do açúcar para exportação possa ser apertada no começo de 2025.
A expectativa, segundo dados do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) é de que a área atingida na região centro-sul chegue a 400 mil hectares. A produtividade acumulada até agosto na safra 2024/2025 estaria 7,6% inferior à do ano passado. Enquanto isso, a Única estima 231,8 mil hectares atingidos, incluindo cana a ser colhida e em fase de rebrota após colheita, conforme dados compilados em relatório do Rabobank.
Estimativas indicam que, com base na área queimada, “a perda de produção de açúcar em 2024/2025 (via perda de biomassa e via um mix maior para o etanol na moagem da cana queimada) poderia ficar na faixa de 0,5 – 0,7 milhões de toneladas”, aponta o Rabobank no AgroInfo Q3 2024, indicando que faltava um prêmio de risco em NY que refletisse as secas. A projeção do banco é de que a moagem da safra 2024/2025 atinja 600 milhões de toneladas no centro-sul, um recuo anual de 11% na produtividade média.
Com menor produtividade e a regra da mistura de 20% do etanol na gasolina brasileira, o Rabobank entende que as exportações podem ficar proibidas até fevereiro ou março.
“A safra no centro-sul poderia terminar já no final de outubro. Se as exportações continuarem rápidas e com a Índia fora do jogo, há perspectiva de um aperto na disponibilidade global de açúcar para exportação no primeiro trimestre de 2025, um aperto agravado se houver uma revisão adicional para baixo na produção de açúcar no centro-sul”, completa o Rabobank.
O BTG (BVMF:BPAC11) reforçou, também em relatório, visão otimista de curto e longo prazo sobre os preços do açúcar e favorável para curto prazo sobre os preços do etanol, indicando um “futuro doce pela frente para os preços do açúcar”.
O banco considera “uma oportunidade atraente de impulso com base no preço para os produtores de açúcar e etanol, agora que eles tiveram um desempenho inferior ao progresso dos preços das commodities no acumulado do ano”.
Para o BTG, mesmo com prioridade para a produção de açúcar em detrimento do etanol devido aos preços mais altos, ainda que com novos projetos, a produção não será suficiente para alcançar a expansão da demanda global, o que requer atuação de outros players no cenário internacional.
Assim, o BTG reforçou indicação de compra, com oportunidade para ações da Raízen (BVMF:RAIZ4), Adecoagro, São Martinho (BVMF:SMTO3) e Jalles Machado (BVMF:JALL3).
Nesta semana, o banco JP Morgan disse em relatório que os baixos rendimentos da cana e forte demanda devem sustentar os preços do etanol no Brasil, elevando, assim, a ação da São Martinho (BVMF:SMTO3) para overweight (compra).
O Morgan Stanley (NYSE:MS), por outro lado, enxerga superávit no mercado de açúcar e etanol, o que motiva visão mais desfavorável para a São Martinho, rebaixada recentemente de equalweight (neutro) para underweight (venda).
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