Natura (NATU3) despenca com prejuízo; Ibovespa engata 15ª alta seguida, fechando em 157 mil pontos

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As ações da varejista Natura (NATU3) recuaram forte nesta terça-feira (11), após a divulgação dos resultados do terceiro trimestre de 2025 (3T25). Os papéis da companhia fecharam em queda de 15,65%, a R$ 7,76, em uma reação negativa a números considerados fracos e abaixo das já baixas expectativas do mercado.

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Fonte: Google Finance

A companhia reportou um prejuízo líquido de R$ 119 milhões no período, revertendo as projeções de consenso que aguardavam um lucro de R$ 168 milhões. O Ebitda ajustado foi de R$ 577 milhões, uma queda de 34% em relação ao ano anterior e 10% abaixo das estimativas.

A deterioração das receitas e a forte pressão sobre as margens minaram ainda mais a confiança do mercado, com analistas prevendo novas revisões para baixo nas projeções de lucro da empresa.

Um trimestre "complicado" em todas as frentes

A avaliação consensual dos analistas é de que a Natura enfrentou um trimestre complicado, com dificuldades em ambas as divisões e marcas. O Ebitda ajustado de R$ 577 milhões veio com uma compressão de margem de 3,5 pontos percentuais.

Segundo a análise de bancos de investimento, o desempenho foi prejudicado por uma combinação de fatores. O cenário macroeconômico desfavorável no Brasil, com desaceleração do consumo e condições de crédito mais restritivas, pesou sobre as vendas.

Ao mesmo tempo, a implementação da "Onda 2" (um projeto de integração operacional) e os impactos do câmbio pressionaram a operação na América Hispânica, especialmente na Argentina.

O Goldman Sachs destacou que os números fracos refletem vendas estagnadas na operação principal da marca Natura no Brasil, queda nas vendas da Avon no país e na América Latina, e os impactos negativos da consolidação de plantas fabris no Brasil.

Geração de caixa fraca e alavancagem em alta

Um dos principais pontos de preocupação no balanço foi a geração de caixa, que permaneceu fraca. O fluxo de caixa livre (excluindo recompras de ações) registrou uma queima de R$ 47 milhões no trimestre. Essa dificuldade em converter lucro em caixa é um ponto fraco que tem sido monitorado de perto pelo mercado.

A geração de caixa estagnada, combinada com um Ebitda mais fraco, levou a um aumento na alavancagem financeira da companhia.

A Natura encerrou o trimestre com uma dívida líquida de R$ 4 bilhões, e o indicador de alavancagem (Dívida Líquida/Ebitda) atingiu 2,9 vezes (impactado também por um fraco 4º trimestre de 2024).

Analistas do JPMorgan apontaram que esse nível de alavancagem "limita a capacidade da companhia de realizar distribuições de caixa adicionais", como dividendos ou novas recompras de ações. A expectativa do Itaú BBA é que esse índice caia para 1,2 a 1,3 vez até o fim de 2025, mas a melhora depende da execução da estratégia da empresa.

O Itaú BBA também mencionou que a venda da Avon International para o fundo Regent, prevista para ser concluída no primeiro trimestre de 2026, ajuda a reduzir riscos estruturais e elimina uma operação deficitária, mas ainda gera incerteza.

Caso a transação atrase, a empresa pode precisar de suporte adicional de liquidez.

Perspectivas seguem desafiadoras para o 4º trimestre

Olhando para frente, os analistas não veem um ponto de virada claro no curto prazo. A XP espera que a dinâmica desafiadora persista no quarto trimestre de 2025, embora com uma leve melhora sequencial, à medida que a Onda 2 amadurece no México e Argentina e a empresa implementa medidas de eficiência.

O Bradesco BBI também comentou que o quarto trimestre não parece ser um ponto de virada do ponto de vista do crescimento das receitas. Em relação à lucratividade, a empresa reiterou sua projeção de expansão da margem Ebitda para o ano de 2025.

No entanto, o banco avalia que "isso não deve ser uma tarefa difícil", já que a margem acumulada nos nove primeiros meses está apenas 0,30 ponto percentual abaixo do ano anterior, e a base de comparação do 4º trimestre de 2024 é muito mais fraca (com margem de 9,6%).

Para o Morgan Stanley, embora a administração tenha adotado um tom construtivo em relação ao controle de despesas nos próximos trimestres, a combinação de pressões no Brasil e os impactos da implementação da Onda 2 resultou em um trimestre "bastante desafiador".

Visão dos bancos: potencial limitado e recomendações mistas

A reação ao balanço dividiu os analistas em relação à recomendação para as ações. O Itaú BBA e o Bradesco BBI mantiveram suas recomendações de compra, com preços-alvo de R$ 13 e R$ 17, respectivamente.

 A visão do BBA é de que o potencial de valorização permanece limitado até que a empresa comprove uma melhora consistente na geração de caixa.

Já o Goldman Sachs e o JPMorgan mantiveram recomendações neutras para os papéis, com preços-alvo de R$ 13 e R$ 10,50, respectivamente.

A visão predominante é de que o ambiente operacional segue desafiador e as incertezas de curto prazo continuarão pesando sobre o sentimento dos investidores, o que deve restringir o desempenho das ações.

Ibovespa atinge 157 mil pontos pela 1ª vez e engata 15ª alta consecutiva

Enquanto as ações da Natura reagiam muito mal ao balanço fraco, o Ibovespa ignorou completamente o pessimismo e continuou sua sequência histórica de recordes, impulsionado por um cenário doméstico favorável e pela alta de Petrobras e bancos.

O principal índice da bolsa brasileira ultrapassou pela primeira vez os 156 mil e os 157 mil pontos, fechando com uma alta robusta de 1,60%, aos 157.748,60 pontos. Este é o novo maior patamar da história e a 12ª máxima de fechamento consecutiva.

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Fonte: Google Finance

Com a vitória desta terça-feira, o Ibovespa acumula 15 pregões seguidos no azul, algo que não acontecia desde junho de 1994, antes mesmo da implementação do Plano Real. O real também se valorizou, com o dólar comercial recuando 0,64%, para R$ 5,273, e os juros futuros caíram por toda a curva.

Ata do Copom e IPCA benigno impulsionam o mercado

O forte otimismo foi impulsionado por boas notícias no cenário doméstico. Pela manhã, o Copom divulgou a ata de sua última reunião (que manteve a Selic em 15%) com sinais mistos, que levaram o mercado a ver possibilidades de um início de corte de juros já em janeiro, antes do previsto.

Logo depois, o mercado recebeu dados positivos da inflação. O IPCA de outubro registrou uma variação de apenas 0,09%, a menor para o mês desde 1998, confirmando a trajetória de desaceleração dos preços.

Braskem dispara 18% com rumor de venda; Petrobras e Bancos sobem

Nos destaques corporativos, a Vale (VALE3) caiu 0,26%, acompanhando o minério de ferro. No entanto, a Petrobras (PETR4) disparou 2,60%, contribuindo fortemente para a alta do índice. Os grandes bancos também subiram com amplitude, todos acima de 2%, com o Banco do Brasil (BBAS3) liderando os ganhos, com alta de 3,03%.

O grande destaque do dia foi a Braskem (BRKM5), que disparou 18,04%. A alta não teve a ver com o balanço (considerado ruim), mas sim com rumores de que a Novonor está "perto" de um acordo para vender sua participação para a empresa de investimentos IG4. A MBRF (MBRF3) também subiu forte, 8,15%, ainda repercutindo o balanço e a reabertura do mercado chinês para o frango brasileiro.

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