Vale a pena investir em ações da Americanas para ganhar dinheiro?

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Atualizado em 07/04/2024 07:22
Mitrade Team

Desde o início do ano, muitos se perguntam: vale a pena comprar ações da Americanas? Com décadas de existência, a empresa chegou a ocupar a quarta posição entre as maiores varejistas do Brasil, com um faturamento de 32 bilhões de reais apenas em 2022.

Todavia, em 2023, sofreu um grande revés, ao revelar um déficit de 20 bilhões de reais em seu balanço. Com isso, muitos investidores se questionam: será que há uma oportunidade de ganhos futuros com seus papéis? 

Neste artigo, vamos mostrar se vale a pena investir em ações da Americanas, mostrando quais as expectativas para o futuro desses ativos. Continue lendo para saber.

Panorama da empresa Americanas

A Americanas S.A. é uma holding, ou seja, empresa que controla um grupo de outras empresas, focada no setor varejista. 

Sua origem remonta a 1929, quando os americanos John Lee, Glen Matson, James Marshall e Batson Borger inauguraram a primeira loja. O grande objetivo do quarteto era justamente introduzir a categoria “loja de departamentos” no Brasil.

Já em 1940, a Americanas entrou para a bolsa de valores, tornando-se uma sociedade anônima de capital aberto. Muitos anos depois, em 1982, passou a ser controlada por Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira. O trio mantém o controle da organização até hoje.

Outro ponto que merece destaque é o histórico de aquisições de empresas menores. Dentre suas principais sub-marcas, vale destacar o Shoptime e o Submarino. Anteriormente concorrentes no setor de vendas, tornaram-se parte da Americanas em 2005 e 2006, respectivamente.

Além disso, a organização já entrou e saiu de vários outros segmentos, tais como turismo, com a Submarino Viagens e Ingresso.com (ambas vendidas em 2015). 

Por fim, com o AME, entrou no meio de pagamentos digitais, oferecendo até mesmo empréstimos, seguros e programas de fidelidade para o grande público.

Análise da situação atual da Americanas

Isolando apenas o panorama mostrado no tópico anterior, muitos diriam que a Americanas é uma empresa sólida e em crescimento. Essa era a visão do mercado até 2023, quando a companhia se mostrava uma das líderes do varejo no Brasil.

Entretanto, tudo mudou após uma mudança de diretoria. Em janeiro de 2023, o cargo de Diretor Presidente foi assumido por Sérgio Rial e o cargo de Diretor Financeiro, por André Covre. 

Segundo o próprio Rial, logo no dia 2 de janeiro ele foi informado que havia uma dívida não reportada no valor de 15,9 bilhões de reais. Somada com a dívida já conhecida da empresa, os passivos da Americanas alcançavam o impressionante valor de 36 bilhões.

Isso tornou a empresa insolvente (quando a soma dos passivos é maior que a soma dos ativos), já que seu patrimônio líquido somava apenas 16 bilhões. 

Outras controvérsias e problemas relacionados a essa questão surgiram, como uma imensa lista de credores, questionamento de balanços e dados, acusações de manipulação de mercado, etc.

Como já era esperado, tudo isso teve um grande impacto na AMER3, as ações da Americanas, negociadas na B3. De R$12 por ação, os papéis da empresa chegaram a R$0,71 em um intervalo de 10 dias. Apesar de eventuais correções, o valor vem flutuando abaixo de R$1 há alguns meses.

Fatores influenciadores das ações da Americanas

Dizer que as ações da Americanas foram impactadas pela questão mostrada anteriormente seria um erro, já que reduz um assunto complexo ao extremo. Em vez disso, é preciso entender os principais fatores que impactaram e impactam nos papéis da empresa. Confira a seguir quais são.

Plano de Recuperação Judicial

Já no dia 19 de janeiro, a Americanas iniciou seu plano de recuperação judicial. Como principal solução proposta, o trio de acionistas majoritários planeja aportar 12 bilhões de reais. Além disso, bancos credores também devem aportar outros 12 bilhões de reais.

Inicialmente, o plano divulgou uma lista de credores com 7.967 nomes, chegando a R$41,2 bilhões em dívidas. Todavia, este valor não corresponde à dívida atual, tendo em vista que algumas dívidas foram saldadas, enquanto outras passaram por correções.

O PRJ já mostrou alguns efeitos positivos. Um deles foi o impacto no pagamento de fornecedores da varejista. No início do ano, a organização deu um prazo de 124 dias para o pagamento dessas pendências. Já em agosto, o prazo passou a ser de apenas 7 dias.

Venda de ativos

A Americanas tem um grande número de ativos, o que inclui desde imóveis até outras empresas sob seu controle. A venda desses ativos pode contribuir para o balanço positivo da organização, impactando diretamente no valor das ações.

Entretanto, a empresa tem encontrado dificuldades para se desfazer de alguns ativos de maior valor. Isso inclui duas outras empresas adquiridas pelo grupo nos últimos anos, Uni.co e Hortifruti Natural da Terra.

A primeira é responsável por algumas franquias e marcas, como Imaginarium, Love Brands e Puket. No caso dela, a Americanas já divulgou que seu processo de venda foi suspenso, já que os valores ofertados não atingiram o mínimo desejado pelo grupo. 

Sobre a Hortifruti Natural da Terra, as informações são escassas. Algumas fontes internas dizem que o processo de venda segue existindo, mas que também esbarrou em valores menores do que o desejado pela proprietária.

Fora isso, a Americanas já se desfez de 25 lojas e, consequentemente, demitiu quase 500 colaboradores.

Investigações

Uma CPI investigou toda a situação, concluindo que a insolvência da empresa não foi proposital ou por fraudes dos controladores. Isso contribui para uma recuperação mais rápida, já que facilita a negociação com credores.

Além disso, várias dívidas da empresa foram revistas e deixaram a lista de passivos. Explicando melhor, os relatórios iniciais mostravam débitos relacionados a fiadoras e garantidoras. Com o plano de recuperação judicial aprovado, vários credores aumentaram seus prazos, deixando de ocupar a lista de dívidas pendentes.

Por outro lado, a Comissão de Valores Mobiliários, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal ainda possuem processos abertos contra a Americanas. Por conta disso, é preciso ter atenção também nas futuras conclusões de cada um destes.

Crise do varejo

Antes mesmo da insolvência descoberta em 2023, grandes empresas do varejo brasileiro sofreram quedas em suas ações. Tal fenômeno foi causado por diferentes motivos, como o aumento da taxa de juros, inflação, entrada de multinacionais no mercado brasileiro, etc.  

Dentre as impactadas estão:

● Tok Stok.

● Riachuelo;

● Magazine Luiza;

● Renner;

● C&A.

Isso inclui a própria Americanas. Suas ações ultrapassaram o valor de R$120 em 2020 e, antes mesmo da crise de 2023, já flutuavam abaixo de R$30.

Tal baixa no setor ainda não foi revertida e muitos especialistas indicam que somente uma mudança no estilo de negócio de forma geral pode ser capaz de reverter a situação.

Saída de grandes acionistas

Além do trio controlador da empresa, alguns grandes grupos que investiam na companhia já se desfizeram dos ativos. Por exemplo, o fundo TIAA, dos EUA, possuía 6,05% da sociedade anônima, mas agora possui apenas 0,14%.

Outros investidores também diminuíram sua participação, como a Capital International Investors, que diminuiu sua fatia de 5,45% para 4,07%. 

Tal movimentação do mercado foi abrandada nos últimos meses, já que o plano de recuperação judicial mostrou efeitos positivos.

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Análise de oportunidades de lucro com as ações da Americanas

Com essas informações, será que vale a pena comprar ações da Americanas? Não há uma resposta negativa ou positiva, já que depende bastante dos objetivos de cada investidor.

Para aqueles focados em ganhos a curto prazo, principalmente através de trade ou de especulação, há muito potencial. Cada novidade na recuperação da empresa tem um impacto imediato, com mudanças significativas no valor de seus papéis.

Claro, é preciso muita atenção para encontrar o momento ideal de compra e venda. Nesse sentido, como é uma das maiores varejistas do país, é relativamente simples encontrar notícias, pronunciamentos oficiais e até informações de fontes internas.

Já para o investidor focado em comprar e segurar, que planeja ganhar a médio ou longo prazo, não é uma escolha tão interessante. Apesar da falência ser improvável, ainda há grande imprevisibilidade sobre o futuro da sociedade anônima, que pode passar por ainda mais problemas causados pela insolvência.

Similarmente, não vale pena comprar ações das americanas caso seu objetivo seja lucrar com dividendos. Apesar de ter batido recordes na distribuição de lucros nos anos anteriores, o cenário atual da empresa muito provavelmente vai impedir que o mesmo se repita por um bom tempo.

Riscos e desafios associados ao investimento em ações da Americanas

Retornando ao que foi dito acima, responder se vale a pena comprar ações da Americanas é algo complexo. Para uns, pode ser a oportunidade ideal. Já para outros, pode estar muito distante dos objetivos buscados. 

Nesse sentido, se ainda está em dúvida sobre comprar ou não esses ativos, é importante saber que alguns dos riscos associados são:

Presença na B3: as ações da Americanas se estabilizaram em uma faixa de valor abaixo de R$1, fazendo parte da categoria “penny stocks”, ou “ações de centavos”. Isso se mostra um problema, já que a Bolsa de Valores de São Paulo, ou B3, onde os papéis estão listados, proíbe a listagem de ações abaixo de R$1 por mais que 30 dias;

● Investigações em aberto: como dito anteriormente, ainda há investigações pendentes sobre a insolvência da empresa. Caso algumas tenham resultados negativos para a empresa ou para seus controladores, o impacto nas ações pode levá-las para um patamar ainda mais baixo que o atual;

● Mercado atual: discussões sobre o fim do parcelamento sem juros e a concorrência cada vez maior de outras empresas vem afetando o principal empreendimento da Americanas. Isso também impacta no valor das suas ações, além de toda a questão financeira.

Aliás, é preciso dar atenção redobrada ao último ponto. Ao discutir se vale a pena comprar ações da Americanas, o foco tem sido tão grande na questão dos passivos que pouco se fala sobre o que mantém a renda: o varejo.

A empresa vem perdendo espaço para multinacionais como Amazon, Mercado Livre e Aliexpress. Também, suas lojas físicas já não apresentam o mesmo faturamento de anos anteriores, representando um custo crescente para uma organização que já está no vermelho.

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Dicas e orientações para investidores interessados nas ações da Americanas

Se você decidiu que sim, vale a pena comprar ações da Americanas, então temos algumas dicas e sugestões para fazer esse investimento da forma certa. Confira abaixo.

Fique atento a notícias e atualizações, como movimentações na recuperação judicial da empresa. Mais precisamente, a venda de alguns ativos que fazem parte do grupo Americanas pode ter um impacto positivo no valor das ações;

● É preciso ter agilidade para aproveitar oportunidades que surgem repentinamente. Por estarem com um valor abaixo de R$1, qualquer flutuação pode trazer ganhos de dois pontos percentuais, como ocorreu diversas vezes no ano. Todavia, esses mesmos fenômenos podem gerar prejuízos altos, para quem entra no momento errado;

● Atualmente, as ações da Americanas não são recomendadas para quem deseja comprar e manter. Por isso, se você deseja adquiri-las, deverá planejar antecipadamente sua saída, em vez de segurá-las por um longo prazo;

● Um inplit pode ocorrer nos próximos meses, já que a ação está há um certo tempo abaixo de R$1. Tal movimento pode gerar uma alta no valor dos papéis, mas não é garantido.

Em resumo, esta é uma ação volátil, que demanda muita atenção e estudo. Sua imprevisibilidade pode gerar altos ganhos no futuro, mas também pode culminar em quedas ainda mais acentuadas.

Conclusão

Descobriu se vale a pena comprar ações da Americanas? Ou vai buscar outros ativos mais estáveis? Independente da sua decisão, as informações acima devem servir como o início para uma análise mais profunda.

Se ficou interessado e quer saber mais sobre como comprar ações, quais as novidades do mercado e vários outros insights, continue acompanhando nossos artigos.

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