A Vodacom está levando sua rede muito além do alcance dos cabos terrestres, diretamente para a órbita. A gigante sul-africana de telefonia móvel firmou, na quarta-feira, uma parceria com a Starlink, de Elon Musk, para fornecer banda larga via satélite em toda a África, visando áreas rurais e de difícil acesso que as torres convencionais não conseguem alcançar.
Segundo um comunicado enviado por e-mail por ambas as empresas, este acordo visa reduzir a exclusão digital em África mais rapidamente do que qualquer infraestrutura terrestre conseguiria.
O plano fará da Vodacom a primeira grande empresa de telecomunicações africana a combinar sua rede móvel com o serviço de internet via satélite da Starlink, que já opera em 25 países africanos, de acordo com dados da SpaceX.
A colaboração entre a Vodacom e a Starlink, no entanto, tem algumas ressalvas, já que Elon Musk está tentando desesperadamente evitar a rígida regra sul-africana de 30% de propriedade de negros, trabalhando por meio da Vodacom em vez de tentar possuir infraestrutura no país.
O governo sul-africano está avaliando a possibilidade de revisar as leis de telecomunicações, permitindo que as empresas cumpram metas de equidade investindo em projetos voltados para a comunidade, como infraestrutura ou pesquisa, que apoiem grupos desfavorecidos.
A abordagem seria semelhante à que já foi feita no setor automotivo, onde montadoras como BMW , Ford e Toyota lançaram um fundo em 2019 para integrar grupos marginalizados à indústria.
O diretor executivo da Vodacom, Shameel Joosub, afirmou na segunda-feira que o lançamento do serviço dependerá da aprovação das licenças em cada mercado. Isso significa que os planos de expansão da empresa dependem da rapidez com que os órgãos reguladores agirem.
Após a obtenção da licença, a implementação começará nos mercados onde a Starlink já possui autorização.
Em paralelo ao novo acordo, a Vodacom revenderá os equipamentos e serviços da Starlink para empresas e pequenos negócios.
A empresa afirmou que isso está alinhado com sua estratégia de crescimento para 2030, que visa alcançar 260 milhões de clientes e 120 milhões de usuários de serviços financeiros em cinco anos. Faz parte de um esforço mais amplo para dominar os serviços de banda larga corporativa em todo o continente.
A Vodacom tem trabalhado com a Orange para construir 2.000 novas estações base na República Democrática do Congo, a fim de fortalecer a cobertura em áreas rurais, além de colaborar com a Airtel Africa para compartilhar infraestrutura de rede.
Além do Starlink, a empresa já está ligada ao Projeto Kuiper da Amazon e à AST SpaceMobile para futuras colaborações via satélite.
A população crescente e jovem da África continua a impulsionar a demanda por melhor acesso à internet. Cerca de 40% dos africanos estão online, em comparação com a média global de 70%.
Mas o custo continua sendo o maior desafio, já que construir torres nas vastas áreas rurais do continente é incrivelmente caro, e os clientes nessas regiões muitas vezes não podem pagar preços premium.
Para lidar com isso, a Vodacom, a MTN e outras operadoras regionais estão explorando o compartilhamento de infraestrutura e possíveis acordos de consolidação.
Shameel afirmou que a empresa vê mais espaço para parcerias desse tipo, a fim de tornar as operações mais eficientes.
Financeiramente, a Vodacom está vivenciando um de seus melhores momentos em mais de uma década, após seus lucros no primeiro semestre terem disparado 33%, o maior aumento em dez anos.
Os lucros por ação da Vodacom dispararam para 4,72 rands, ante 3,54 rands no ano anterior, enquanto os lucros principais subiram 32%, para 4,67 rands, impulsionados pelostronresultados do Egito, um dos mercados mais recentes da Vodacom, e pelos retornos consistentes da Safaricom, no Quênia, na qual detém uma participação de um terço.
A receita total atingiu 81,6 bilhões de rands (US$ 4,72 bilhões), um aumento de 11% em relação ao ano anterior. Mas, apesar dos números otimistas, a empresa reduziu ligeiramente sua previsão na semana passada após chegar a um acordo extrajudicial com um ex-funcionário que alegava ter criado o serviço "Please Call Me" há mais de duas décadas.
O valor do acordo não foi divulgado nos resultados, mas o acordo encerrou um capítulo que acompanhava a Vodacom há anos.
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