Ethereum (ETH) perde US$ 3.000 e testa suporte crítico de US$ 2.800; medo de juros no Japão pressiona

O Ether (ETH) iniciou a semana sob forte pressão vendedora, caindo 5,5% nesta segunda-feira. O ativo falhou em sustentar o patamar de US$ 3.000 e era negociado em torno de US$ 2.807,50.

Fonte: CoinMarketCap

Durante o dia, o preço chegou a perder momentaneamente o suporte de US$ 2.800, gerando apreensão no mercado. O movimento de baixa foi impulsionado pelo aumento das expectativas de que o Banco do Japão (BoJ) elevará suas taxas de juros.

Esse temor macroeconômico gerou aversão ao risco global, afetando diretamente os criptoativos. Agora, o Ethereum se encontra "ensanduichado" entre níveis técnicos decisivos que definirão sua tendência de médio prazo.

A batalha dos US$ 3.000: suporte vira resistência

A recente recuperação de 18% do Ether, iniciada na mínima de US$ 2.620 em 21 de novembro, foi interrompida abruptamente. A barreira psicológica de US$ 3.000, que antes atuava como suporte, inverteu seu papel.

Segundo analistas técnicos, esse nível agora se consolidou como uma resistência formidável. É nessa região que as médias móveis de 50 e 100 semanas parecem convergir, criando um teto técnico difícil de romper.

"Se o ETH romper acima desse nível e permanecer lá, deveríamos ver o preço subir de volta para a casa dos US$ 3.000 médios ao longo de dezembro", projetou o analista That Martini Guy.

No entanto, o mapa de calor de distribuição de base de custo da Glassnode revela outro obstáculo logo acima. Existe uma concentração significativa de oferta entre US$ 3.150 e US$ 3.230.

Dados on-chain mostram que cerca de 5,1 milhões de ETH foram adquiridos nessa faixa de preço. Isso sugere que muitos investidores podem tentar vender no "zero a zero" caso o preço retorne a esses níveis, aumentando a pressão de venda.

A defesa dos touros em US$ 2.800

Do lado da baixa, o par ETH/USD está lutando para manter a zona de suporte chave entre US$ 2.800 e US$ 2.850. Essa área é vital para a estrutura de alta do ativo.

Dados históricos indicam que 3,6 milhões de ETH foram comprados nessa região, criando uma "zona de defesa" natural. O analista Daan Crypto Trades alertou que a perda desses fundos locais seria catastrófica para a tese altista.

Um fechamento sustentado abaixo de US$ 2.800 invalidaria a tendência de alta macroeconômica. Nesse cenário, o ativo ficaria vulnerável a correções muito mais profundas.

Por outro lado, para retomar o controle, os compradores precisam empurrar o preço acima de US$ 3.350. Isso abriria caminho para testar o topo da faixa em US$ 4.000.

Divergência: fluxo institucional versus taxas de rede

Os fundamentos do Ethereum apresentam sinais mistos. De um lado positivo, os fluxos institucionais permanecem resilientes. Os ETFs de Ethereum à vista nos EUA registraram entradas líquidas de US$ 312 milhões na semana passada.

Globalmente, produtos negociados em bolsa (ETPs) de Ethereum captaram US$ 309,1 milhões, sugerindo que o "dinheiro inteligente" continua acumulando, apesar da volatilidade de preços.

No entanto, a demanda pela rede (blockspace) mostrou fraqueza. As taxas de rede do Ethereum totalizaram apenas US$ 2,68 milhões nos últimos sete dias, uma queda drástica de 54% em relação à semana anterior.

Em comparação, redes concorrentes mostraram mais estabilidade. As taxas na Solana subiram 2%, enquanto na Tron permaneceram praticamente inalteradas.

Apesar da queda nas taxas, houve um sinal positivo de engajamento: o número de endereços ativos na camada base do Ethereum subiu 20% no mesmo período, e a contagem de transações aumentou 4%.

Indicador MVRV sinaliza fundo local

Por fim, uma métrica on-chain importante sugere que um fundo pode estar próximo. O MVRV Z-Score do Ether, usado para identificar topos e fundos de mercado, aproximou-se da zona histórica de acumulação.

MVRV Z-score do Ethereum. Fonte: Capriole Investments.

O indicador está atualmente em torno de 0,30. A última vez que o MVRV atingiu esse nível foi em junho, após uma queda de preço de 25%.

Naquela ocasião, o sinal coincidiu com um fundo de mercado em US$ 2.100 e precedeu um rali de vários meses que levou o ativo a uma alta de 134%. Se a história se repetir, o nível atual pode representar uma oportunidade de compra assimétrica.

Atividade de futuros de Ether supera Bitcoin na CME em meio à volatilidade

A atividade de negociação em futuros de Ether superou a de Bitcoin no CME Group, sediado em Chicago. Esse movimento marca uma mudança notável no mercado de derivativos de ativos digitais.

A dinâmica alimenta a especulação de que o Ether pode estar entrando em um "superciclo" há muito aguardado. Esse conceito descreve um período sustentado de vários anos de crescimento acelerado impulsionado pelo aumento da adoção.

Priyanka Jain, diretora de produtos da CME, observou que as opções de Ether exibem atualmente maior volatilidade do que as de Bitcoin.

Ao contrário do que se poderia esperar, essa instabilidade não afastou os participantes. Pelo contrário, a volatilidade aumentada serviu como um "ímã poderoso" para os traders.

O "Flippening" de julho e a dúvida sobre o ciclo

Isso acelerou diretamente a participação nos futuros de Ether do CME Group. A rotação de capital foi especialmente pronunciada em julho, quando ocorreu um evento marcante.

Naquele mês, o chamado "flippening" viu o interesse em aberto (open interest) nos futuros de Ether ultrapassar o de Bitcoin na bolsa pela primeira vez.

Jain questiona se estamos diante do superciclo do Ether ou apenas de uma negociação de "catch-up" (recuperação) impulsionada pelo curto prazo.

Embora os futuros de Bitcoin ainda liderem em valor nominal de dólar, a tendência mais ampla é clara: a participação de mercado em produtos ligados ao Ether está se expandindo rapidamente.